Por que o Brasil sofre com acidentes que poderiam ser evitados?

O Brasil é considerado por muitos um país pacífico e “abençoado”, tanto por belezas naturais, quanto por ter pouca probabilidade de acidentes por causas naturais como vulcões, terremotos, tsunamis e tornados de grande magnitude.

Dos problemas com origem naturais que mais causam transtornos e mortes estão aqueles provocados pelas chuvas, justamente por sermos um país tropical. Entre eles citamos as inundações e os desbarrancamentos de terra em encostas.

Entretanto, este ano começou anunciado por acidentes não naturais que deixaram a população brasileira praticamente incrédula devido a proporção pela qual os fatos se desenrolaram.

A barragem de dejetos em Brumadinho que cedeu, o CT do Flamengo que pegou fogo na madrugada, a morte do jornalista Ricardo Boechat e o massacre na escola Raul Brasil estão entre as “tragédias” mais comentadas em 2019.

O que todas essas “tragédias” possuem em comum para você?

O fato de não serem
tragédias ou acidentes

Segundo o dicionário Michaelis, o termo Tragédia pode ser definido como:

1. Na Grécia antiga, peça em verso, de teor e caráter ao mesmo tempo lírico e dramático, em que figuram personagens heroicos e ilustres e em que a ação, própria para despertar e infundir a piedade e o horror, termina geralmente com um acontecimento funesto.
2. Peça, geralmente em versos, que termina com um acontecimento fatal.
3. O gênero trágico.
4. A arte de fazer ou representar tragédias.
5. Acontecimento triste, funesto, catastrófico, que infunde terror ou piedade.

Do item 1 ao 4 o significado vem do teatro, já o item 5 é figurativo e recorre ao termo Catástrofe que significa:

1. Acontecimento deplorável e funesto, em geral de grandes proporções e ocasionado por convulsões da natureza, que resulta em perda de vidas humanas e animais, destruições e prejuízos materiais.
2. Desastre ou acidente de grandes proporções.
3. Qualquer acontecimento que se constitua em grande desgraça, com consequências graves e lastimáveis.
4. Cataclismo.
5. Evento desastroso, em geral de ordem inesperada e pouco comum, que envolve destruição de um ecossistema; tragédia ou desastre ecológico; ecocatástrofe.
6. Desfecho trágico, comum no último ato da tragédia grega clássica, por meio do qual termina o enredo.

Já o termo Acidente possui como significado:

1. O que é casual, fortuito, imprevisto.
2. Acontecimento infausto que envolve dano, estrago, sofrimento ou morte; desastre, desgraça.

Em resumo: os acontecimentos de 2019 não poderiam ser denominados acidentes, catástrofes ou acidentes. Todos seriam evitados se gestão fosse uma parte integrante e atuante de política pública e privada no Brasil.

Gestão não faz parte da nossa cultura

A cultura é formada, tanto em empresas, quanto em órgãos públicos, durante anos. Geralmente é orientada pelos governantes que trabalham e exigem uma forma de trabalho ao qual lhes parece correto.

Pensando nesse sentido, um dos pontos fundamentais para o Brasil não possuir a cultura da gestão como base de um bom governo vem da colonização.

Originalmente, nossa colonização foi de extração e não de povoamento, o que definiu parte do nosso futuro. Quando uma colônia de extração era instalada não havia a necessidade de programar cidades, formas de extravio, quantidade, lotes, danos ao ambiente em redor.

Ao longo dos anos essa cultura se instalou, foi tomada como verdade, piorou muito com o crescimento das cidades e hoje estamos vivendo as consequências desse tipo de gestão.

Sem a cultura de que é necessário planejar antes de realizar qualquer ação, os governantes e a própria população trabalham para consertar os problemas, em vez de preveni-los.

Incidentes alertam antes e são ignorados

Conhecida como pirâmide de Bird, existe uma teoria nos mostrando que para cada dano físico fatal, 600 incidentes de pequenas proporções ocorreram como alerta.

Quando incidentes são tratados corretamente e em tempo hábil, a chance de evoluírem para proporções fatais cai drasticamente.

Mas como o Brasil não possui essa cultura instalada, estruturas precisam ceder e pessoas precisam vir a óbito para que as autoridades exijam do poder público ações eficazes.

A ação de corrigir um problema que já aconteceu não garante em nada que o problema possa vir a ocorrer novamente. E também não ameniza os problemas que já ocorreram em decorrência da falta de planejamento.

Prevenção vem do exemplo

De nada adianta exigir algo se você não for o exemplo, correto? Corretíssimo!

Se um pai não quer que o filho tome refrigerante este deve
ser o exemplo para a criança, pois durante essa fase a criança se espelha nas atitudes
dos pais.

Então como o governo pretende exigir que ações sejam tomadas para prevenir acidentes se ele mesmo não o faz?

Esta mudança deve ser iniciada por nós, da própria população, cobrando uma gestão eficaz e preventiva dos nossos governantes e dos nossos empresários. O poder de fazer a diferença está na nossa união.